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  • Foto do escritorO Caleidoscópio

#15 [Ap 1:4-6] Saudações

Atualizado: 30 de ago. de 2020



Quando lemos o Apocalipse, temos de ter em mente que João escreve o livro na forma de carta ou epístola. E, como toda epístola, identificamos, logo no início, o remetente e os destinatários: “João, às sete igrejas que se encontram na Ásia” (Ap 1:4a). João, sendo um dos 12 discípulos de Jesus, escreve para as sete congregações na província romana da Ásia, atualmente parte sudoeste da Turquia (clique aqui para saber mais sobre os destinatários primários do Apocalipse).


O numeral “sete” que aparece no texto, além de representar as sete igrejas, também tem natureza simbólica. No texto bíblico, “sete” simboliza totalidade, plenitude e universalidade.

Desse modo, além da carta ser endereçada diretamente para as sete igrejas do tempo de João, elas também simbolizam todo o povo de Deus ao longo da era cristã.


Na segunda parte do verso 4 encontramos uma felicitação comum (Rm 1:7; 1 Pe 1:2) entre os cristãos nas epístolas: “Que a graça e a paz estejam com vocês”. Essa expressão é composta por duas palavras principais e que juntas significam muito mais do que apenas uma saudação comum.


A palavra “graça”, do grego χάρις [charis] e a palavra “paz”, do hebraico שָׁלוֹם [šhālôm], traduzida no grego por εἰρήνη [eirēnē], não estão nessa ordem por acaso. Essa ideia sequencial de “graça” e depois “paz” é proposital com o objetivo de ressaltar que a “graça” é um favor divino ao ser humano e a “paz” é o resultado dessa dádiva.


No entanto, a beleza dessa saudação/benção no livro de Apocalipse está em quem a oferece: “da parte daquele” (Ap 1:4). Deus, em sua plenitude, é apresentado aqui como o responsável pela graça e pela paz. A identidade do próprio Deus é revelada em sua completude: Pai, Filho e Espírito Santo!


O primeiro a ser mencionado é Deus, o Pai, como “Aquele que é, que era e que há de vir”. Esse título composto de três partes ecoa o nome divino encontrado outras vezes no Apocalipse (Ap 1:8; 4:8) e também no AT (Êx 3:14), o Deus de Abraão, Isaque e Jacó que estava no passado, que está conosco no presente e sustenta sua promessa de um futuro com a Sua presença. “Mais que o Deus da memória, mais que o Deus da existência, da espiritualidade e da comunhão, Ele é o Deus ‘que há de vir’”. [1]


A segunda pessoa mencionada é o Espírito Santo identificada no verso como sendo “os sete espíritos” (ver Ap 4:5; 5:6). O Espírito de Deus em sua plenitude - acompanhada pelo numeral “sete” - faz referência à designação sétima do Espírito encontrada no AT em Isaías 11:2 (sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, conhecimento, piedade e temor do Senhor).


Além disso, em Zacarias 4:2, vemos uma referência clara ao Espírito de Deus, simbolizado pelas sete lâmpadas determinando a atividade universal do Espírito Santo em todo o mundo. No Apocalipse, “os sete Espíritos” são paralelos às “sete igrejas” nas quais o Espírito opera. Expressão encontrada em Apocalipse 1:4, portanto, denota a plenitude e a universalidade da obra do Espírito Santo, permitindo que a igreja cumpra sua missão na terra.


A lista termina com Jesus Cristo, que é nomeado triplamente: “a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra” (Ap 1: 5a). Esse título triplo faz alusão ao Salmo 89, no qual o rei davídico é o primogênito de Deus, o mais elevado entre os reis da terra (Sl 89:27) e a fiel testemunha (Sl 89:37).



Em decorrência do Seu fiel testemunho, Jesus Cristo, o primogênito de Deus recebe a honra de único acima de todos os poderes e autoridades no céu e na terra (Ef 1:20-22; 1 Pe 3:22). (Clique aqui para ver sobre sobre a tripla característica de Cristo dentro do livro de Apocalipse).


Depois de João apresentar a identidade de Jesus, ele descreve o que Cristo faz:


“Àquele que nos ama e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai” (Ap 1:4b)

Essa tríplice atividade de Jesus corresponde aos seus três títulos dados à Ele. (1) “Fiel Testemunha”; (2) “Primogênito dos Mortos”; (3) “Soberano dos reis da terra; e estão relacionados com as três ações: (1) “Àquele que nos ama”; (2) “nos libertou”; (3) e “nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai”.


Através do Seu fiel testemunho, Ele nos amou (no texto original, o verbo é de ação contínua: Ele nos amou, nos ama e nos amará). Esse amor abrange igualmente o passado, o presente e o futuro. Ele nos livrou de nossos pecados pelo Seu sangue, Sua morte e ressurreição se tornando o “Primogênito dos mortos”.


Por fim, João descreve o que nós nos tornamos nEle. Jesus Cristo nos fez “um reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai” (ver Ap 5: 9–10). Esse é o status que os remidos pelo sangue de Cristo desfrutam. Esse título é oferecido para mim e para você ao aceitarmos as palavras do livro de Apocalipse.


Embora ainda estejamos neste mundo, João nos lembra que Jesus Cristo já nos conquistou para Si. Nada nem ninguém poderá separar o ser humano do contínuo amor divino. Deus, através de Seu filho, nos deu o direito de participar do Seu reino vindouro.



“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”. Fp 3:20


Referências:


STEFANOVIC, Ranko. Plain Revelation: a reader’s introduction to the Apocalypse. Berrien Springs: Andrews University Press, 2013.


STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ: commentary on the book of Revelation. Berrien Springs: Andrews University Press, 2002.







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