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  • Foto do escritorO Caleidoscópio

#21 [Ap 2:8-11] Carta à igreja em Esmirna



Cerca de 56 km ao norte de Éfeso, estava localizada a igreja de Esmirna, na costa leste do Mar Egeu, onde foi destruída e reconstruída. Conhecida como a “glória de toda Ásia”, era uma cidade portuária de beleza admirável e singular. Situada entre as cidades de Frígia e Lídia, ficava em um ponto estratégico para negócios, transformando-se num importante centro comercial, político e religioso, ficando atrás apenas de Éfeso em tamanho e importância.


A história conta que a metrópole possuía biblioteca, estádio, e o maior teatro público de toda Ásia Menor, com capacidade para cerca de 20 mil pessoas. Além disso, foi considerada a primeira cidade que construiu um templo em homenagem à deusa Roma, sendo também a sede do culto ao imperador.


Em troca de uma “certidão de cidadão exemplar” para exercer suas atividades civis e econômicas, os habitantes de Esmirna deveriam, uma vez ao ano, prestar culto à estátua de César, queimando um incenso no altar simbolizando total submissão e adoração ao imperador. Este fato elucida bem a situação dos cristãos que viviam na cidade.


Os cristão em Esmirna sofreram dura perseguição ao não aceitarem reconhecer a César como Deus e tiveram que pelejar contra a pobreza e a miséria. Eram acusados de ateísmo, por adorarem um Deus invisível, acusados de canibalismo, por fazerem a ceia (rito da Comunhão), eram motivos de deboche para o Estado, para os cidadãos e até mesmo para alguns judeus.


A carta que João escreve para Esmirna reprova esses judeus (Ap 2:9) chamando-os de “sinagoga de Satanás”. Os cristãos em Esmirna passaram por grande dificuldade de proporções inimagináveis. Perseguições ferrenhas, aprisionamentos, torturas sendo tratados como criminosos, eram violentamente desprezados sofrendo hostilidade por toda parte.



É curioso perceber que a mensagem da igreja de Esmirna corresponde significativamente à situação da igreja cristã durante os séculos 2 e 3 no Império Romano, do ano 303 d.C no reinado de Diocleciano até 311 d.C. quando o imperador Constantino se converteu. A opressão e os maus tratos tiveram o seu ápice no período de 10 anos, que se usarmos a linguagem de profecia e o princípio dia-ano compreende os 10 dias mencionados na carta (Ap 2:10).


A vida dos cristãos se tornou uma vida miserável. Muitos deles morreram por causa de Cristo se tornando mártires (São Sebastião, Santa Cecília, bispo Policarpo, Santa Agnes são alguns dos nomes que até hoje são mencionados).


Jesus através de João contrasta a ideia de morte com a promessa de vida como resultado da fidelidade à Ele: “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2:10). Perseguição e morte não são a palavra final. O próprio Jesus é caracterizado como aquele que é o "primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver” (Ap 2:8).


Em Apocalipse 2:10, Cristo reserva para o fiel literalmente uma “coroa que é vida” (gr. στέφανον τῆς ζωῆς [stephanon tēs zōēs]). No livro de Apocalipse, duas palavras são usadas para “coroa”: a primeira é διάδημα [diadema] que simboliza uma coroa real. A outra palavra, que é a usada nessa carta pra os cristãos de Esmirna é στέφανος [stephanos] que não simboliza uma coroa real, mas corresponde a uma coroa de vitória, entregue aos atletas vitoriosos e inclusive eram usadas nos jogos olímpicos de Esmirna!


A carta aos cristãos que pertenciam a igreja de Esmirna é encorajadora e possui um profundo tom de esperança: Aquele que venceu a morte de forma definitiva (Ap 2:8) promete a vida eterna (Ap 2:11). Receber a coroa é receber a vida.


Quando Cristo declara: “Não tenha medo” (Ap 2:10a), Ele revela a todos que leem a carta à Esmirna a Sua promessa de um dia conceder uma vida que é muito superior a qualquer sofrimento que passemos nesta Terra.


“O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Jo 10:10


Referências:


DOUKHAN, Jacques. Secrets of Revelation: The Apocalypse Through Hebrew Eyes. Hagerstown: Review and Herald Publishing Association, 2002.

STEFANOVIC, Ranko. Plain Revelation: a reader’s introduction to the Apocalypse. Berrien Springs: Andrews University Press, 2013.


STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ : commentary on the book of Revelation. Berrien Springs: Andrews University Press, 2002. #Apocalipse #Revelacao

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