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  • Foto do escritorO Caleidoscópio

#25 [Ap 3:7-13] Carta à igreja em Filadélfia


A sexta igreja mencionada no livro de Apocalipse é a igreja na cidade de Filadélfia que ficava a 65 km a leste da igreja de Sardes. O significado do seu nome vem do grego, φιλέω [philéō] “amor” + ἀδελφός [adelphós] “fraterno”. Essa é a mais nova de todas as 7 cidades referidas no livro. Foi construída por Átalo II (159-138 a.Cc) por causa do do seu irmão mais novo Eumenes II, que foi seu fiel comandante-chefe no seu reinado.


A cidade foi construída para comemorar o grande amor entre os dois irmãos. Tinha por objetivo também ser uma cidade missionária, propagando a cultura grega e o helenismo para as redondezas, incluindo Lídia e Frígia. Novamente, assim como foi na igreja de Sardes (link para o post de Sardes), João ao escrever, usa dados históricos da cidade em paralelo com a mensagem destina a igreja.



Cristo é apresentado nos versos iniciais da carta com três títulos que fazem referência direta ao AT, e também com alguns textos do NT: “o Santo” (Is 6:3; Is 57:15; Is 43:15; Hab 3:3; Mc 1:24; Jo 6:69; 1Jo 2:20), “o Verdadeiro” (cf. Ap 3:14; 19:11), “Aquele que tem a chave de Davi” (Is 22:22; Mt 28:18; Ef 1:22). A partir dessa descrição de Jesus nota-se a plena autoridade dEle, capaz de dar aos remanescentes das igrejas as promessas pretendidas nas cartas.


A igreja em Filadélfia é a igreja missionária. Ela se expande para além da Europa, chegando na África e até América. O espírito missionário da igreja em Filadélfia é reconhecido (Ap 3:8) como também a permanência à Palavra é característica importante dos cristãos. A imagem da “porta aberta”, retratada no verso 8, é crucial e simboliza as oportunidades e possibilidades que a igreja teria para a pregação e disseminação do Evangelho eterno.


Existe um certo período da história que é comparável e análogo as características históricas da igreja de Filadélfia. O final do séc XVIII e início do séc XIX o mundo passou por um reavivamento de preparação e marcação de datas para uma esperança escatológica. Cerca de 18 milhões de pessoas, incluindo judeus, muçulmanos e cristãos nos Estados Unidos, Alemanha, Escandinávia, França, Suíça, Holanda etc., estavam envolvidas na predição da vinda de um Messias.


Os cálculos proféticos indicavam o período provável entre 1843/1844. Muitas reformas sociais foram feitas nessa época, o movimento feminista, o movimento abolicionista, reformas no sistema educacional, estabelecimento das “sociedades bíblicas” etc. Após o período predito, o desapontamento em relação à expectativa se instalou quando a data não foi cumprida.


Depois disso, dentre todos esses movimentos, se destaca um grupo que perseverou estudando a Bíblia para saber o que tinha dado de errado com as datas proféticas estabelecidas. A partir desse pequeno grupo com pouco mais de 100 pessoas, desenvolveu-se um movimento chamado de adventista do sétimo dia, composto hoje por cerca de 20 milhões de pessoas que se dedicam a propagar o evangelho de Cristo com foco em Sua segunda vinda.


Em Apocalipse 3:11 a vinda de Jesus Cristo é mencionada sem nenhuma perspectiva negativa, muito pelo contrário, os crentes almejam o dia do reencontro com o Messias. A esperança é que Ele “venha sem demora”. Não encontrarmos nenhum “lado ruim” sobre a igreja de Filadélfia nesta carta. Essa parece ser a igreja mais preocupada com a esperança escatológica da volta de Jesus, sendo que até os descrentes, que são da “sinagoga de Satanás” (cf. Ap 2:9) reconhecerão nesses cristãos o alvo do amor divino (Ap 3:9 cf. Sl 23:5).

A igreja, objeto do amor de Deus é retratada no texto com a reciprocidade do verbo “guardar” em Apocalipse 3:10. Assim como a igreja em Filadélfia “guarda” a palavra da perseverança”, Cristo a “guardará” na hora da provação que há de vir.


A interdependência mútua entre Deus e o homem é uma tônica que claramente encontramos em todo texto bíblico profético. Por exemplo, em Jeremias 7:23: "Eu serei o seu Deus, e vocês serão o meu povo”, essa declaração é a base relacional de Aliança entre um Deus que nos ama e pede que nós façamos o mesmo por amor.


Na parte final da carta, o Mensageiro fala do “vencedor” que possui uma “coroa” e esta precisa ser conservada. Duas promessas são feitas para os que perseverarem e se mantiverem firmes até o dia da vinda dEle (Ap 3:12).


Na primeira parte do verso 12, temos: “farei com que seja uma coluna no santuário do meu Deus, e dali jamais sairá”, dando a ideia de continuidade e permanência, na cultura judaica uma coluna era como um monumento de lembrança de alguém, um modo de imortalizar um indivíduo.


Na segunda parte do verso 12 é dito: “Gravarei sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome”, o vencedor não será apenas um memorial permanente como também será identificado com o próprio Deus.


As promessas para os vencedores no final da carta afetarão de forma permanente a identidade, o destino, o propósito e principalmente o futuro daqueles que são chamados pelo Seu nome. A graça transformadora de Cristo não rejeita o ser humano por ele ser fraco (Ap 3:8b). O verdadeiro poder de Deus se manifesta nas fraquezas humanas (cf. 2Co 12:9-10). Cristo alcança a todos e abre as portas da salvação para todo aquele que crê.


Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” Jo 3:16-17

Referências:


DOUKHAN, Jacques. Secrets of Revelation: The Apocalypse Through Hebrew Eyes. Hagerstown: Review and Herald Publishing Association, 2002.

STEFANOVIC, Ranko. Plain Revelation: a reader’s introduction to the Apocalypse. Berrien Springs: Andrews University Press, 2013.


STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ : commentary on the book of Revelation. Berrien Springs: Andrews University Press, 2002.


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