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  • Foto do escritorO Caleidoscópio

#29 [Ap 4:1-3; 5-6] A visão do trono - Parte 2



Curiosamente, João não se preocupa em descrever características específicas do trono que ele vê, apenas constata a existência. Porém toda a descrição da visão é em relação ao próprio trono. As expressões usadas: “ao redor do trono” (Ap 4:3), “do trono” (Ap 4:5), “diante do trono” (Ap 4:6, 10), “no meio do trono” (Ap 4:6), “à volta do trono” (Ap 4:6), nos mostra como é importante não só o objeto “trono” em si, a pessoa está sentada nele...


Existem também alguns paralelos interessantes ao longo da Bíblia que mencionam o esplendor do trono na sala celestial. Em 1 Reis 22:19, Isaías 6:1-3, Daniel 7:9-10 e Ezequiel 1-10 encontramos muitas similaridades ao que está acontecendo em Apocalipse 4 (alguns estudiosos afirmam até que se trata de uma mesma cena). Nesse cenário vemos uma espécie de preparação para entronização de um governante. A atmosfera de expectativa aqui é preparada para que o momento esplêndido de posse do reino de proporções universais aconteça (Ap 4:2).


Dada a incapacidade de descrever toda a glória que ele presenciava (1Tm 6:6), João descreve a pessoa sentada no trono por meio de símbolos. Ele compara à pedras preciosas: jaspe, sardônio (Ap 4:3). Essa combinação de pedras é especialmente importante pois remete a primeira e a última pedra do peitoral do sumo-sacerdote de Israel no Antigo Testamento. Que corresponde exatamente como Jesus Cristo é descrito ao longo do livro de Apocalipse: “Eu sou o primeiro e o último” (Ap 1:7) , “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim” (Ap 1:8), “Estas coisas diz o Amém [...], o princípio da criação de Deus" (Ap 3:14).



Uma terceira pedra preciosa é evidenciada na cena: a esmeralda (Ap 4:3), representando a tribo de Judá, de onde veio o rei Davi da linhagem de Jesus Cristo. É o único lugar em toda Bíblia onde são mencionadas as três pedras juntas. A intenção parece tanto destacar quão especial é o que acontece na visão quanto evocar a imagem do tabernáculo de Deus (Êx 28:17-19). Além disso, a Nova Jerusalém descrita em Apocalipse 21:9-27 as três pedras são encontradas nos fundamentos da cidade.



O arco-íris ao redor do trono acrescenta a grandiosidade do que está sendo retratado ali (Ap 4:3). A aparição do arco nesse contexto nos lembra a história do Dilúvio (Gn 7), onde, pela primeira vez Deus o coloca no céu, símbolo da graça e da aliança perpétua divina (Gn 9:11) com o ser humano. Ele representa a justiça, amor divino e a glória do Senhor (cf. Ez 1:28). No meio de “relâmpagos, vozes e trovões” (Ap 4:5), o arco-íris interliga céus e terra surge a esperança de salvação para “todas as gerações” (Gn 9:12).



Diante do trono aparece também algo semelhante a um mar de vidro brilhante como um cristal (Ap 4:6) evocando a dimensão cósmica da cena retratada por João. Em Gênesis vemos a soberania de Deus sobre o elemento “água” na Criação. Ele faz a porção seca aparecer no meio das águas (Gn 1:6), faz separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas acima do firmamento (Gn 1:7), faz ajuntar as águas debaixo dos céus em um só lugar (Gn 1:10), faz aparecer porção seca entre as águas (Gn 1:9) e nomeia o ajuntamento de águas de mar.


Interessantemente, o Espírito de Deus está presente tanto na visão de João simbolizado pelas 7 tochas de fogo (Ap 4:5) - o numeral sete referindo-se a plenitude do trabalho do Espírito Santo - , quanto no princípio da Criação do mundo: “o Espírito de Deus se movia sobre as águas” (Gn 1:2). O Espírito que fez parte ativa na Criação, simbolizada aqui pelo mar de vidro, é o mesmo Espírito de Deus que trabalha e tem parte ativa na vida das 7 igrejas.


A descrição da cena na sala do trono coloca a Criação do Universo e a soberania de Deus no coração da visão. João ao descrever o trono de Deus, enfatiza o poder do único digno de toda honra, glória e louvor. Podemos estar seguros que o destino da humanidade está nas mãos dAquele que criou “todas as coisas e por tua vontade elas vieram a existir e foram criadas” (Ap 4:11).


“Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra." Fp 2:10 NAA

Referências:


DOUKHAN, Jacques. Secrets of Revelation: The Apocalypse Through Hebrew Eyes. Hagerstown: Review and Herald Publishing Association, 2002.

STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ : commentary on the book of Revelation. Berrien Springs: Andrews University Press, 2002.

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