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  • Foto do escritorO Caleidoscópio

#34 [Ap 5:5] A expectativa universal Parte 2


No post #32 vimos que João ansiava pela resolução de um problema específico: quem seria digno de abrir o livro e quebrar os selos? A incapacidade de não encontrar ninguém deixou o profeta desesperado ao ponto de chorar muito (Ap 5:4), parecendo demonstrar certo tipo de agonia e desespero.


A situação de aparente impossibilidade experimentada pelo profeta é rejeitada por um dos anciãos que diz a ele: “Não chore!” (Ap 5:5), então, a partir desse momento é descrito o tão esperado protagonista digno de consolar João em seu choro e tornar possível toda a impossibilidade.


No verso 5, ele é descrito inicialmente com dois títulos que se relacionam entre si: “o Leão da Tribo de Judá” e “a Raiz de Davi”. Essas designações remontam Gênesis 49:9, quando Jacó profere sua bênção final, onde Judá é chamado de leão vitorioso. A aparência majestosa, a força, a coragem do leão, desde os tempos antigos, é chamado de rei dos animais e fazem dele um símbolo adequado para o Messias que traria dignidade e vitória para todo o povo.


Inclusive, na tradição judaica, a figura de um leão, interpretada à luz de Gênesis 49, significa que o Messias esperado possuía prerrogativas reais e estava ligado à “Raiz de Davi”, ou seja, seria um descendente do rei Davi. Ele é indicado em Isaías 11: “Do tronco de Jessé (pai do rei Davi), sairá um rebento, e das suas raízes brotará um renovo” (v. 1), ou seja, da descendência de Davi surgirá alguém que estabelecerá o reino vindouro de paz e justiça (Is 11:10).


Várias outras partes do Antigo Testamento possuem paralelos diretos com Apocalipse 5, como por exemplo, em Jeremias 23:5-6; 33:14-16 é falado de um futuro quando Deus cumprirá sua promessa e “levantará para Davi um Renovo justo; e, como rei que é, reinará, agirá com sabedoria e executará o juízo e a justiça na terra” (v. 5).


Em Zacarias 6:12-13 vemos a profecia sobre “um homem cujo nome é Renovo. Ele brotará do seu lugar e edificará o templo do Senhor. Ele mesmo edificará o templo do Senhor e será revestido de glória. Ele se assentará no seu trono, e dominará, e será sacerdote no seu trono; e reinará perfeita união entre ambos os ofícios.


As passagens mencionadas acima estão ligadas diretamente com 2 Samuel 7:12-16 onde é mencionado ao tempo em que a promessa da aliança feita a Davi com relação à perpetuidade de seu trono seria cumprida na vinda de um descendente para se sentar no trono e governar sobre as nações.




O “Renovo” entre o povo judeu no tempo em que João escreve o livro de Apocalipse era o título favorito para o Messias que se assentaria e reinaria no trono de Davi (cf. Lc 1:32-33). No Novo Testamento títulos como “Raiz de Davi”, “Rebento de Davi”, “filho de Davi” fazem sempre referência a Jesus, o Messias, o rei por excelência. Em Romanos é dito expressamente que em Isaías 11, as promessas relacionadas ao Messias, raiz de Davi, são cumpridas em Cristo (Rm 15:12).


Portanto, a culminação das promessas e das expectativas de um rei, que viria e reinaria são realizadas no Messias que João apresenta no início da parte profética principal do livro de Apocalipse. Aqui (Ap 5:5), João começa a identificar quem que acabaria com todo o choro, agonia e teria a solução para a maldade, desigualdade e injustiça deste mundo: Jesus, o filho de Davi.


As lágrimas do profeta se transformam em júbilo (cf. Ap 5:12-14). O ancião ao identificá-lo como Jesus, o Cristo, declara que Ele “venceu para quebrar os sete selos e abrir o livro” (Ap 5:5). Este mérito de vencedor dado a Cristo, faz referência a sua morte e ressurreição (At 2:22-36; Fp 2:5-11; Hb 12:2). A vitória de Jesus na cruz o tornou digno e merecedor de pegar e abrir o livro que por causa da indignidade do povo foram selados e armazenados.


Através de Sua morte e ressurreição, Ele se torna vencedor. NEle e através dEle se encontra a realização de todas as esperanças e expectativas do povo de Deus, tanto da aliança do AT quanto do NT, chegando até nós hoje. Essa vitória de Cristo é oferecida a todo aquele que nEle crê. A angústia inicial do profeta é solucionada pela vitória do Messias.


A partir do capítulo 5, o profeta João começa a descrever os momentos finais da história deste mundo, isto é, ao mesmo tempo que é um capítulo profético, Apocalipse 5 também se torna um convite para “toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há” (Ap 5:13) a reconhecê-lo e a fazer parte da sua vitória sobre o mal e a indignidade.


Tal é a confiança que temos diante de Deus, por meio de Cristo. Não que possamos reivindicar qualquer coisa com base em nossos próprios méritos, mas a nossa capacidade vem de Deus.” 2 Co 3:4-5

Referências:


STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ : commentary on the book of Revelation. Berrien Springs: Andrews University Press, 2002.


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