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  • Foto do escritorO Caleidoscópio

#24 [Ap 3:1-6] Carta à igreja em Sardes

Atualizado: 23 de out. de 2020



A 65 km ao Sul da cidade de Tiatira, está localizada a igreja de Sardes. João começa o capítulo 3 do livro de Apocalipse (Ap 3:1-5) com uma mensagem direcionada primariamente à essa igreja.


A cidade foi construída em um planalto, no topo de uma colina muito íngreme, onde podia-se ver toda a região circunvizinha lá do alto. Conforme foi se desenvolvendo, Sardes começou a crescer ao longo dos vales e encostas mais baixas, se espalhando ao redor da montanha.


Alguns séculos antes de João escrever as cartas para as igrejas no livro de Apocalipse, Sardes tinha sido uma das maiores cidades do mundo antigo, capital do reino da Lídia, no reinado do poderoso Creso (560-546 a.C.). Seu passado era célebre e próspero. Apesar de ainda ter certa prosperidade, quando João escreve para as igrejas, o orgulho e fama da metrópole estava enraizado no passado.


Os habitantes de Sardes viviam desse passado que era glorioso, mas ao mesmo era também de dor e de luto (Ap 3:1b). Foi justamente pela distração e auto-suficiência que foi dominada por Ciro que investiu contra a cidade com seus soldados e encontraram os portões abertos e sem vigilância alguma. A cidade desprevenida, antes poderosa e impenetrável, pagou um preço alto se tornando miserável e decadente.


A fatalidade da prepotência de seus governantes serviu de base para a carta que João escreve (Ap 3:2-3). As expressões usadas nestes versos – “você tem fama de estar vivo, mas está morto”; “sê vigilante, e fortaleça”; “Se você não vigiar, virei como ladrão, e você de modo nenhum saberá em que hora virei contra você” – caracterizam o paralelismo da cidade e da igreja em Sardes.



Jesus (Ap 3:1a) identifica-se semelhantemente em Apocalipse 1:4 e 16, apresentando-se como o Cristo glorificado. O tom da carta para a igreja de Sardes é de exortação e lembrança: “Lembre-se, pois, do que você recebeu e ouviu; guarde-o e arrependa-se” (Ap 3:3a). Um apelo para a igreja retornar a fé autêntica do passado, uma fé viva e não morta.


A Igreja em Sardes tinha sido influenciada pelo paganismo tanto com doutrinas heréticas vindas de fora quanto ensinamentos errôneos vindos de dentro. A espiritualidade dos membros estava morta (Ap 3:1b). Viviam uma vida religiosa sem a presença do Espírito de Deus (Ap 3:1a). Sua fidelidade a Cristo ficou apenas no passado. A letargia espiritual tomou conta da igreja.


A situação na igreja em Sardes é análoga a condição da igreja cristã dos séculos XVI e XVII. Após a vibrante era da Reforma Protestante, a igreja se envolveu cada vez mais em controvérsias doutrinárias originando formalismo e entorpecimento espiritual. Nesse período a igreja que parecia estar viva e ativa, na verdade estava espiritualmente pálida e sem vida.


É importante destacar que a situação ainda poderia ser revertida através daqueles que “não contaminaram as suas vestes” (Ap 3:4) e permaneceram fiéis; que não se tornaram autoconfiantes e continuaram vigiando. Estes serão considerados “dignos” quando vier do grande Dia do Senhor.


As suas vestes simbolizam o povo justificado de Deus (Ap 19:8; cf. 3:18; 6:11; 7:14). A noção bíblica do “remanescente” está presente desde o Gênesis (Abraão, Isaque e Jacó, discípulos de Elias, etc.) até o Apocalipse. A aliança de Deus com o Seu povo sempre é reorganizada de forma que o remanescente fiel em toda a história e em todas as eras tenha a possibilidade de ser sempre incluído nos termos do concerto Divino.


É prometido ao remanescente vencedor (Ap 3:5) três coisas: (1) vestes brancas (cf. Ap 7:9; 14); (2) um novo nome que não será apagado do Livro da Vida, que simboliza a não-morte (cf. Êx 32:32-33; Sl 69:28); e (3) Jesus confessará o nome do vencedor diante do Pai e de seus anjos, mostrando que estes serão reconhecidos quando Ele voltar (cf. Mt 10:32-33; Lc 12:8-9).


A carta termina com uma mensagem abrangente e coletiva: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 3:6). O apelo do Espírito é a todos. O que aconteceu na igreja de Sardes é passível de acontecer na vida de qualquer um individualmente e de qualquer igreja coletivamente, independente de local e de tempo.


Os imperativos contidos na carta: “Sê vigilante!”, “fortaleça”, “lembre”, “obedeça”, “arrependa-se” chega até nós hoje para que a realidade da história de Sardes não seja realidade em nossa história. O amor e perdão de Cristo quer alcançar a todos para que a experiência com Ele seja original e sincera e se aplique em nossa vida, hoje.


“Desperte, você que está dormindo, levante-se dentre os mortos, e Cristo o iluminará.” Ef 5:14

Referências:


DOUKHAN, Jacques. Secrets of Revelation: The Apocalypse Through Hebrew Eyes. Hagerstown: Review and Herald Publishing Association, 2002.

STEFANOVIC, Ranko. Plain Revelation: a reader’s introduction to the Apocalypse. Berrien Springs: Andrews University Press, 2013.


STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ: commentary on the book of Revelation. Berrien Springs: Andrews University Press, 2002.


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