Como vimos no post anterior, as mensagens de João para as sete igrejas transcendem todas as fronteiras de tempo e de local específico. Seu conteúdo tem implicações profundas para todos que entram em contato com os escritos. Cada uma das sete mensagens diz respeito a situações distintas da vida no âmbito coletivo (igreja), mas também da vida no âmbito individual (pessoal).
João escreve para aqueles que:
Igreja em Éfeso (Ap 2:1-7) - abandonaram o primeiro amor
Igreja em Esmirna (Ap 2:8-11) - são perseguidos
Igreja em Pérgamo (Ap 2:12-17) - seguem ensinamentos errôneos
Igreja em Tiatira (Ap 2:18-29) - tolera a imoralidade
Igreja em Sardes (Ap 3:1-6) - estão mortos espiritualmente
Igreja em Filadélfia (Ap 3:7-13) - são testemunhas fiéis
Igreja em Laodicéia (Ap 3:14-22) - mornos espiritualmente
Porém, devemos ter em mente também que o livro de Apocalipse é um livro que fala sobre o futuro (Ap 1:3; 22:7,10; 18-19), e como tal, deve ser encarado nessa perspectiva também. As mensagens de um profeta se relacionam primeiramente com o passado, com o imediato presente e consequentemente possui inferências também com o futuro que está além do profeta. Da mesma forma, acontece aqui com a carta para às sete igrejas.
O entendimento de alguns estudiosos é que as sete mensagens de Apocalipse 2 e 3 são profecias referentes a sete períodos da história cristã como vemos no seguinte infográfico:
Philip Schaff [1], um dos maiores historiadores da igreja cristã, descreve uma divisão no mínimo interessante da história da igreja. Ele pontua sete períodos principais: (1) período apostólico; (2) período de angústia e perseguição; (3) período de compromisso e união da igreja e do Estado; (4) período medieval; (5) período da reforma; (6) período da ortodoxia protestante, onde a doutrina mostrou-se mais importante que a prática; (7) período de infidelidade e missão mundial.
Se analisarmos as sete igrejas e suas particularidades dessa forma, pode-se considerar até uma aparente progressão desde a primeira (Éfeso) até a última (Laodicéia) igreja. Herman Hoeksema afirma que “existe na ordem em que essas sete igrejas são abordadas uma indicação da tendência de desenvolvimento que a igreja no mundo seguirá.” [2]
É relevante e importante ter claro que as sete mensagens do livro de Apocalipse tem uma abrangência multifacetada de local e de destinatário. Ela engloba passado, presente e futuro. Individual e coletivo. O destino dessas mensagens alcança a todos, em todas as eras. O imperativo contido nessa carta é incontestável: “quem tem ouvidos, ouça”!
[1] SCHAFF, P. History of the Christian Church, 3d ed. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1910. p. 13-20.
[2] HOEKSEMA, H. Behold, He Cometh. Grand Rapids, MI: Reformed Free Publishing Association, 1969. p. 49.
Referências:
STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ: commentary on the book of Revelation. Berrien Springs: Andrews University Press, 2002.